Abelhas nativa Ninhos

= ABELHAS INDÍGENAS NINHOS =

A estrutura e localização dos ninhos dos meliponíneos varia de acordo com as espécies. Diversas espécies de Melipona, captotrigona e Plebeia, entre muitas outras, constróem seus ninhos em ocos encontrados em troncos e galhos de árvores vivas. Algumas espécies utilizam ocos existentes em árvores secas, mourões de cerca etc., como acontece com Frieseomelitta e com Friesella schrottkyi. Geotrigona, diversas espécies de Paratrigona, Schwarziana quadripunctata e Melipona quinquefasciata são algumas abelhas que constróem ninhos subterrâneos. Utilizam por isso, cavidades pré-existentes, como formigueiros abandonados. Melipona bicolor constroe seu ninho em locais frescos e úmidos como troncos de árvore, próximo ao solo. Algumas espécies do gênero Partamona constróem seus ninhos semi-expostos, em cavidades com abertura bastante ampla, ou em moitas de epifitas, samambaias e ambientes semelhantes. Outras espécies de Partamona e Scaura latitarsis constróem seus ninhos dentro de cupinzeiros vivos. Trigona cilipes nidifica dentro de formigueiros vivos. Trigona spinipes e outras espécies de Trigona, constróem seus ninhos expostos presos a galhos de árvores, paredes ou locais semelhantes.

 

Várias espécies que, normalmente, utilizam ocos existentes em troncos e ramos, ocasionalmente, constróem seus ninhos em cavidades existentes em paredes de pedra, alicerce de construção (local onde é comum encontrar ninhos de Nannotrigona testaceicornis).  Os ninhos dos meliponíneos apresentam arquitetura complexa e, embora apresentem algumas estruturas comuns às diversas espécies, existem diferenças marcantes entre os gêneros.

O ninho apresenta uma entrada, que normalmente é característica para cada espécie ou gênero (em muitos casos é possível a identificação das abelhas a partir da entrada do seu ninho). Muitos Trigonini constróem a entrada utilizando cerume, muitas vezes um simples tubo por onde as abelhas entram e saem e onde guardas ficam postadas, defendendo a entrada. Em algumas espécies, este tubo se alarga formando uma ampla plataforma onde se postam as guardas. Outras utilizam resina para a construção da entrada. Em determinadas espécies a entrada é ampla, normalmente guardadas por diversas abelhas e pela qual entram e saem muitos indivíduos ao mesmo tempo. Outras constróem entradas estreitas por onde passa uma única abelha por vez e que é guardada por uma só abelha que fecha a entrada com sua cabeça. As diversas espécies do gênero Partamona constroem com barro a ampla entrada característica de seus ninhos. Melipona também utiliza barro, normalmente, misturado com resina e constróem a entrada estriada característica de muitas espécies do gênero.

À entrada segue-se um túnel construído com cerume, resina ou barro que vai até a região onde é armazenado o alimento. Em Partamona, à entrada segue-se um vestíbulo, que em algumas espécies imita um ninho abandonado, ao qual segue-se estreita entrada que dá acesso à área interna do ninho. Esta estrutura esta, aparentemente, relacionada a proteção do ninho contra invasores.

O alimento é armazenado em potes construídos com cerume. Mel e pólen são armazenados em potes separados. Em alguns Trigonini os potes onde é armazenado o pólen, apresentam forma diferente daqueles utilizados para o mel, em Frieseomelitta varia, por exemplo, os potes de pólen são cilíndricos e bem maiores que os de mel, que são esféricos. A posição dos potes no ninho também varia conforme a espécie, mas de um modo geral estão colocados na periferia da área de cria.

 

Os favos de cria são construídos com cerume e na maioria das espécies são horizontais. As células do centro do favo são as primeiras a serem construídas sendo as demais construídas à sua volta, dessa forma, usualmente, a cria da região central do favo é mais velha. Nas espécies que constróem os favos em forma de cacho, a maioria das células não têm parede em comum, como em Friseomelitta, Leurotrigona e algumas espécies de Plebeia. Em Friesella schottkyi algumas colônias possuem favos irregulares. Espécies que constróem favos irregulares ou em cacho podem utilizar cavidades irregularidades, muitas vezes bastante estreitas.

Em grande parte das espécies os favos de cria são envolvidos por um invólucro, constituído por camadas de cerume que os protegem, inclusive contra a perda de calor.

No caso de espécies que utilizam ocos em árvores ou parede para construção dos ninhos, esta cavidade é muitas vezes revestida com resina e delimitada com batume feito com resina, geopropólis (mistura de resina com barro) ou cerume, podendo apresentar-se perfurado, permitindo a ventilação e escoamento de líquidos que atinjam o interior do ninho.

Espécies que constróem o ninho exposto ou semi-exposto utilizam resina, barro e matéria orgânica em sua construção. Trigona utiliza folhas maceradas nessa construção. Algumas vezes usam folhas e brotos de plantas cultivadas, especialmente de laranjas, rosas e nóz macadamia e por essa razão se constituem em séria praga em áreas de extenso cultivo dessas espécies. Trigona constroe na parte oposta à entrada um escutelo, utilizando para isso lixo da colméia, abelhas mortas e fezes das abelhas. Essa estrutura bastante sólida protege o ninho e serve para sua sustentação.

Espécies que constróem ninhos subterrâneos, envolvem-no com camadas de batume sólido. O ninho fica suspenso dentro da cavidade e na parte inferior dessa, as abelhas constróem uma galeria de drenagem.

Os meliponíneos possuem colônias perenes e com muitos indivíduos e, para manterem essas colônias, coletam grande quantidade de alimento parte do qual é armazenado na colônia. A existência de mecanismos de comunicação, que variam de espécie para espécie, permitem a esses insetos sociais grande eficiência na exploração dos recursos existentes no ambiente, como fontes de água, alimento ou local apropriado para nidificação.

A forma mais simples de comunicação consiste, simplesmente, em dispersar, na colônia, o "cheiro" do alimento que as campeiras estão trazendo. As campeiras correm por dentro do ninho, excitando as demais operárias pela movimentação. Novas operárias saem ao campo em busca da fonte de alimento orientadas apenas por esse "cheiro". Esse tipo de comunicação é encontrado em Trigonisca, Frieseomelitta e Dukeola. Plebeia e Tetragonisca, durante a movimentação dentro da colônia, produzem um som que ajuda a estimular as operárias a saírem em busca de alimento com odor semelhante àquele que estão transportando.

Em Partamona, a operária ao voltar de uma fonte de alimento estimula outras operárias, posteriormente, sai do ninho em direção à fonte, sendo seguida por outras operárias. A guia libera durante o trajeto, um feromônio que auxilia na comunicação.

Em Nannotrigona, a operária que chega ao ninho com alimento reparte-o com outra operária e durante o processo produz som. O processo é repetido várias vezes tanto pela abelha que chegou com alimento como por aquelas com as quais ela dividiu o alimento. Dessa forma um grande número de operárias deixam a colônia em conjunto em busca da fonte de alimento, e repetem o processo várias vezes, de tal forma que em pouco tempo muitas abelhas da colméia estão coletando na referida fonte.

Diversas espécies de abelhas comunicam a localização da fonte de alimento por meio da marcação de uma trilha, com feromônio produzido pela glândula mandibular. Em Melipona, a campeira marca a fonte de alimento e faz marcas na vegetação a alguma distância da fonte, essa pequena trilha ajuda as demais operárias a encontrar o alimento. Operárias que chegam à colméia com alimento, o distribuem a outras operárias, emitindo som característico que indica a distância da fonte. As operárias se orientam pelo som e pela trilha marcada junto à fonte.

Em diversas espécies de Trigonini, como Trigona, Scaptotrigona, Oxytrigona e Cephalotrigona a trilha de cheiro é contínua da colméia até a fonte de alimento. De espaço em espaço, a operária marca a vegetação com uma pequena gota de feromônio, a distância entre as marcas varia de espécie para espécie.